sábado, 19 de maio de 2012

Estudar a solidão é todos os dias.
Estudar só é todo momento, estar só.
No espelho, na poça d'água, no vidro da janela do trem, no vidro da janela da sala de ensaio me vejo, só a mim. Os outros reflexos me parecem mais íntegros. O que falta no meu?
Através destas janelas vejo o mundo, resguardada do som do mundo, o som destes espaços são como cortinas sonoras leves, me ouço.
Evito sempre os fones de ouvido, são horríveis enfatizadores do isolamento precoce.
Já estou sozinha!
Sem tampões me ouço insuportavelmente. Uma vez cedi, eu tentei escutar a música pelo fone, coloquei e ele ficou próximo, grudado no meu ouvido, meus pensamentos gritaram estupidamente mais alto.
Não posso compartilha-los, seria um ato desatinado deixá-los escapar! Alguns destes gritos me envergonham, mas eles saem...
A cada gesto, olhar, direção que eu tomo na rua, as vezes me perco, tamanha irritação me desvia por completo.
Retomo a calma.
Manter o foco, objetivo, cumprir compromissos, preencher tabelas, parar de refletir.
Se eu parasse de refletir ...
Chegaria

segunda-feira, 7 de maio de 2012

sobre a dança aerada

Leveza insuportável como a felicidade de Clarice, que de tão viva precisa de uma pouco de morte para que possa seguir existindo. Quero te encontrar assim, eu-você-poros. Sei que o fim chega, possivelmente haverá um recomeço. Uma tentativa, uma espera, até que eu te encontre em mim. Café da manhã, travesseiro, nuvens. Quero inventar-te e de repente te descobrir outro, muito além do que imaginei.
Minhas partículas se desfazem pelo espaço. Recolho o que sobrou de mim e distribuo para os pássaros de uma praça no centro da cidade. Eu nunca terei as palavras pra te dizer a verdade.